segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Relato de amamentação da Catarina - Primeiros 6 meses


Com 12 dias e de brinquinho!

Logo na gestação eu sabia que minha amamentação não seria fácil, pois tinha feito uma quadrantectomia na mama esquerda há doze anos, por conta de um câncer. Quis que minha filha, ao nascer, mamasse primeiro nessa mama operada, logo que veio para os meus braços, ainda na sala de parto. Mas não rolou.  E assim que coloquei na mama direita ela mamou super bem. Eu tentei por um bom tempo, mas ela não pegava o peito esquerdo. Por causa da cirurgia fiquei com uma cicatriz que não deixava a pega dela ser eficiente. Catarina, ainda por cima, nasceu com o freio da língua curto (a popular “língua presa”), o que dificultou ainda mais a pega perfeita. Notamos esse problema ao nascer, mas decidimos esperar, para ver se isso se corrigiria com a amamentação. Ao final de 7 dias, ela havia perdido mais de dez por cento do seu peso e a pediatra decidiu entrar com complemento, cerca de 200ml/dia, para que não houvesse o risco de desnutrir ou desidratar. Entrei com o complemento e ela começou a engordar.
Com 34 dias
Fazia o esquema de relactação, com o Mama Tutti. Entretanto, comecei a sentir muitas dores ao amamentar. Eu amamentava de um só lado, pois o peito esquerdo não produzia.
Liguei para a minha parteira, Márcia Koiffman, relatando que estava com uma dor absurda, umas agulhadas fora das mamadas. Eu chorava a cada mamada, era muita dor. Ela me orientou a dar de mamar colocando a sonda do Mama Tutti no dedo mindinho e colocando na boca da nenê para ela sugar. Funcionou inicialmente, quando eu não aguentava de dor colocava a sonda no dedinho. Entretanto, as dores pioraram. Houve dias em que eu não conseguia sequer coloca-la no peito, de tão vermelho e sensível que estava. Márcia então conseguiu uma consulta de emergência para mim com a fonoaudióloga especialista em “pega” de bebês Tereza Sanches.  Ela analisou o freio da língua de Catarina e viu que era muito curto e não ia ceder com a amamentação. Na verdade, isto estava atrapalhando a amamentação, pois ela não conseguia fazer o movimento completo com a língua para trazer leite suficiente. Isto fazia com que ela ficasse com fome, pois a “pega” não era efetiva. Catarina precisava utilizar outros recursos, como morder e sugar fortemente para trazer uma quantidade aceitável de leite. Decidimos então pela frenectomia, o corte do freio da língua, feito por uma odontopediatra. Fizemos e voltamos na fono para analisar. Não foi suficiente e tivemos que refazer uma semana depois. Aí sim, as coisas começaram a melhorar.
Fizemos muitos exercícios para melhorar a pega dela no peito. E funcionou. Em pouco tempo ela estava com uma pega bem efetiva, mamando bastante e com qualidade.
Com dois meses
Quando ela completou um mês, decidimos juntamente com a pediatra, iniciar a retirada do complemento, lentamente, pois ela estava engordando muito bem.
Nesta consulta de um mês, fui diagnosticada com candidíase, juntamente com a Catarina. Iniciamos o tratamento com uma pomada de uso tópico, que utilizei por cerca de 20 dias. Não resolveu. Tentamos nistatina. Também não resolveu.
O segundo mês foi marcado pelo processo de retirada do complemento e, com dois meses completos ela estava só no peito. Na consulta de dois meses ela estava ganhando 14 gramas por dia. Não era muito, na verdade estava um pouco abaixo da média, mas decidimos esperar mais um pouco para tirar qualquer conclusão e mantivemos só o peito, em livre demanda. Nesta mesma época decidimos entrar com o fluconazol, um antifúngico via oral. Tomei por 28 dias e a candidíase finalmente sarou.
Com 3 meses
Quando ela completou 3 meses e 10 dias fomos a uma nova consulta. Ela estava ganhando apenas 7 gramas por dia. Era muito pouco. E, novamente, junto com a pediatra, decidimos pela reinserção do complemento, desta vez apenas 180ml/dia. Este “pouquinho” já fez com que ela recuperasse muito bem o peso.
Continuei fazendo o sistema de relactação.  Nesta mesma consulta, fui diagnosticada com fenômeno de Raynaud, que faz com que o bico do seio fique branco após a mamada, sem circulação. Fui orientada a fazer compressas quentes no mamilo e a tomar vitaminas C e E. As compressas ajudaram muito, mas amamentar nunca foi confortável. E, numa conversa com a Dra. Nina, pediatra, percebemos que nesta amamentação (da Catarina) dificilmente seria.
Esse fenômeno provoca muita dor, semelhante à da candidíase. E o tratamento é sintomático apenas, não se fala em cura. Mas segui amamentando e fazendo o tratamento indicado pela pediatra.
Com quase 4 meses, mamando
Nas consultas de 4 e 5 meses Catarina seguiu engordando e crescendo muito. Com 6 meses e meio iniciamos a introdução alimentar.  Eu tinha muito medo de iniciar com alimentos sólidos e ela parar de mamar, ou diminuir muito a amamentação. Mas, para minha surpresa, ela está mamando tanto ou mais do que antes. Ela mama antes e depois das refeições. E nos intervalos também. E mama MESMO, não fica só chupeitando. E também mama de madrugada.
Eu decidi por não fazer desmame noturno. Acho que ela é muito nova para isso e eu também não quero. Lutei muito para conseguir amamentar e quero prosseguir até os dois anos, pelo menos. Fazemos cama compartilhada, portanto não me incomoda acordar à noite para dar de mamar.
Agora chega de atrapalhar minha mamada!
E, além de tudo isso, ela bate um pratão. Come de tudo, adora vegetais, frutas, enfim, o que ofereço ela come com gosto. Estou muito feliz com essa introdução alimentar, que por enquanto é complementar ao alimento principal: leite materno.
Espero continuar amamentando por muito tempo. Amamentar nunca foi e nem será confortável para mim, por conta de todos esses problemas. Mas é um momento único, só meu e de minha filha, um momento da mais íntima e sincera conexão entre nossas almas. Um momento onde além do leite ela suga todo meu amor e me devolve da mesma forma, através do seu olhar tão terno e doce. Um momento onde transborda o maior amor do mundo.